EVOLUÇÃO SEDIMENTAR DA FORMAÇÃO SETE LAGOAS (GRUPO BAMBUÍ, NORTE DE MINAS GERAIS) NO CONTEXTO DAS BACIAS SEDIMENTARES DO PERÍODO EDIACARANO TERMINAL

Autores

  • Juliana Okubo UNESP/IGCE
  • Lucas Veríssimo Warren UNESP/IGCE

Resumo

Durante o final do Período Ediacarano, são identificados pelo menos três importantes eventos glaciais de expressão global, denominados de Sturtiano, Marinoano e Gaskiers, que são sucedidos por uma incomum sedimentação carbonática de ampla distribuição. Nas últimas décadas, a Formação Sete Lagoas (Grupo Bambuí) tem sido associada à glaciação Sturtiana ou Marinoana através de estudos sedimentológicos, geocronológicos e isotópicos realizados principalmente na porção sul da Bacia do São Francisco. A ocorrência de fósseis do gênero Cloudina sp. tem trazido a discussão da idade ediacarana terminal para a Formação Sete Lagoas. Este trabalho visa compreender a evolução sedimentar da Formação Sete Lagoas, a partir da análise de fácies e estratigráfica, ciclicidade e geoquímica de isótopos estáveis, na porção norte de Minas Gerais, localidade carente de estudos com esta abordagem. Devido a essa falta de dados, a plena correlação da Formação Sete Lagoas com outras unidades coevas e também com exposições na porção sul do cráton do São Francisco é praticamente inviabilizada. Vinte fácies sedimentares foram definidas e agrupadas em cinco associações de fácies (AF): AF1 – Plataforma supersaturada em CaCO3, AF2 - Lagunar, AF3 – Plataforma influenciada por sismos, AF4 – cordão litorâneo oolítico e AF5 – Estromatolítica, que sugerem deposição em ambiente marinho de água rasa. Na associação de fácies 1 (Plataforma supersaturada em CaCO3), destacam-se os leques de aragonita, similares às estruturas anômalas identificadas em capas carbonáticas associadas ao período pós glacial do Snowball Earth, que também ocorrem nas exposições ao sul do cráton do São Francisco. A associação de fácies 2 (Lagunar) engloba fácies microbiais, como estromatólitos, trombólitos, microbialitos laminados e crenulados, e grainstones com vários tipos de estruturas sedimentares, como estratificação cruzada de baixo ângulo, swaley e laminação paralela e cruzada. A associação de fácies 3 (Plataforma influenciada por sismos) é representada por camadas de brechas intraformacionais intercaladas com microbialitos laminados. A associação de fácies 4 (cordão litorâneo oolítico) é formada predominantemente por grainstones oolíticos dolomitizados com estratificação cruzada acanalada e tabular. As fácies sedimentares identificadas compõem os ciclos de raseamento ascendente, empilhados em sete seções estratigráficas de detalhe, compreendendo desde o embasamento até o contato com a Formação Serra de Santa Helena. Amostras provenientes destas seções apresentam valores de δ13C entre -4.71 e 5.17‰, enquanto que os valores de δ18O obtidos variam entre -4.45 e -13.36‰. Tais valores são similares às curvas globais obtidas em unidades coevas e reforçam a idade ediacarana terminal para esta unidade.

Downloads

Publicado

2016-12-21

Como Citar

Okubo, J., & Veríssimo Warren, L. (2016). EVOLUÇÃO SEDIMENTAR DA FORMAÇÃO SETE LAGOAS (GRUPO BAMBUÍ, NORTE DE MINAS GERAIS) NO CONTEXTO DAS BACIAS SEDIMENTARES DO PERÍODO EDIACARANO TERMINAL. Holos Environment. Recuperado de https://cea-unesp.org.br/holos/article/view/12133

Edição

Seção

IX ENCONTRO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE