DEPÓSITOS EÓLICOS QUATERNÁRIOS, NORDESTE, BRASIL

Resumo

Os depósitos sedimentares eólicos localizados às margens do Rio São Francisco, no estado da Bahia, as dunas ativas e inativas no Maranhão, assim como as evidências de sedimentação de poeira eólica nos estados do Ceará e Sergipe são registros sedimentares importantes do período Quaternário do Brasil. No entanto, permanecem pouco estudados. Embora já existam algumas datações, a morfologia e estratigrafia desses campos eólicos ainda não foram totalmente exploradas. Análises da relação entre os campos de dunas e as sedimentações de loess ou loessóides (depósitos de poeira eólica retrabalhados por água em vertentes e vales) também carecem de investigação. Nesse contexto, este trabalho, que é parte de uma tese de doutorado, visa discutir o nível atual de conhecimento acerca destes depósitos sedimentares, e apresentar a metodologia de estudo das etapas posteriores. Entre os dados disponíveis até então, destacam-se: os depósitos eólicos do Maranhão com idades de até 258 mil anos, datados por Luminescência Opticamente Estimulada (LOE); as paleodunas às margens do Rio São Francisco, com idades máximas de 28 mil anos, datados por Termoluminescência (TL), e os depósitos de loess com idades inferiores a 21 mil anos, no Ceará. Baseado na análise dos dados pretéritos, sugerimos que provavelmente um arco de circulação atmosférica regional foi responsável pela formação desses depósitos eólicos investigados. Para testar esta hipótese, posteriormente serão estudadas a morfologia e a estratigrafia interna das dunas, a partir dos dados de testemunhos rasos, sísmica pelo método de GPR (Ground Penetration Radar), datações de LOE e U-Pb, no intuito de reconstruir os processos que controlaram a origem desses campos eólicos. Assim, também poderemos averiguar se existe correlação entre esses depósitos da região nordeste do Brasil com os de outros locais do mundo, principalmente de outras partes da América do Sul, onde as atividades eólicas foram intensas no Último Máximo Glacial.