CARACTERIZAÇÃO SEDIMENTOLÓGICA E ESTRATIGRÁFICA DA SEÇÃO APTIANA - BORDA OESTE DO ALTO ESTRUTURAL DO PARQUE DAS BALEIAS, NORTE DA BACIA DE CAMPOS

Resumo

A Bacia de Campos tem um importante histórico de exploração e produção de petróleo desde a década de 1980, com a descoberta de grandes acumulações de hidrocarbonetos em depósitos turbidíticos. Na última década, com a descoberta das acumulações de óleo em carbonatos de idade aptiana, a bacia comprovou sua importância para a indústria petrolífera brasileira. Esses reservatórios, denominados informalmente de “pré-sal” por estarem subjacentes a uma espessa camada de evaporitos, são constatados desde a Bacia de Santos até o norte da Bacia de Campos. Na porção norte da Bacia de Campos, os reservatórios carbonáticos aptianos ocorrem preferencialmente em um alto estrutural quase paralelo à linha de costa atual e há algum tempo já são foco de estudos e discussões. Entretanto, a área da zona de charneira, a oeste do alto estrutural, é pouco abordada e compreendida devido a estar fora do reservatório principal. Em poços mais antigos perfurados nessa área, são observadas ocorrências tanto de rochas siliciclásticas, quanto de intercalações entre fácies siliciclásticas e fácies carbonáticas. Os siliciclásticos correspondem à Formação Itabapoana enquanto que os carbonatos correspondem à Formação Macabu, depositados em ambiente árido e raso e cuja gênese tem sido objeto de discussão, pois alguns autores consideram esses carbonatos como sendo de origem puramente biótica, enquanto que outros consideram a existência de forte contribuição abiótica. O entendimento dessa área é importante para a compreensão da evolução da bacia durante o tempo Aptiano, contribuindo também para possíveis predições de fácies e para escolha de pontos de interesse para futuras locações exploratórias e de desenvolvimento da produção. Para esse objetivo, é fundamental a caracterização dessas fácies, sua origem e natureza (autóctones ou alóctones), bem como sua relação com as fácies depositadas no alto estrutural e também com as fácies siliciclásticas que se encontram intercaladas na zona de charneira. Para isso foram utilizados dados de amostras de rocha disponíveis (especialmente amostras de calha e amostras laterais), tanto em descrições macroscópicas quanto em descrições de lâminas petrográficas. Após a fase de caracterização faciológica, na qual foi constatada a existência de fácies in situ e fácies retrabalhadas, foram feitas correlacões com os dados de perfis elétricos dos poços e correlações estratigráficas entre os poços, com auxílio da sísmica. Integrando esse conjunto de dados, espera-se no final do trabalho, ser possível propor um modelo deposicional para a região de estudo, explicando a existência de carbonatos in situ intercalados com os depósitos siliciclásticos e com carbonatos retrabalhados.